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anima andina

Existe um conceito básico que permeia a cultura Q'ero, chama-se Ayni.  Me permito um pequeno desvio para falar sobre o AYNI: a arte sagrada da reciprocidade.


A lei de ayni é um conceito com muitas facetas, mas a maneira mais simples de ser colocado é: “quando eu dou algo, preciso receber algo em troca e se recebo algo, preciso dar algo em troca –  assim a energia do dar/receber se equilibra. Mas o Ayni é mais que apenas uma troca, diz muito sobre ajuda mútua: compartilhar, para que todos tenham o que precisam e isto inclui compartilhar conhecimento e sabedoria, com o objetivo do crescimento de todos e de que a harmonia seja fortalecida.

A antropóloga Catherine Allen descreve Ayni:

O projeto se inicia em 2016 com uma série de vivências na comunidade dos Q'eros, localizada em Ocongate, na provência de Cusco, Peru.


Ao final de nossa primeira visita, Don Marcelo, líder da comunidade, nos pede ajuda para organizar a farmácia de plantas medicinais local, pois entende o conhecimento tradicional passado através de gerações e gerações, está em risco pois cada vez que um ancião se vai, com ele desaparece uma biblioteca de saberes. Os mais jovens, não apenas não se interessam pelo assunto como não enxergam possibilidade de negócio ou de melhoras na qualidade de vida como resultado desse saber. 

"No nível mais abstrato, ayni é o dar e receber básico que governa a circulação universal da vitalidade… Esta circulação ... é impulsionada por um sistema de trocas recíprocas contínuas, uma espécie de mecanismo de bombeamento dialético. Cada categoria de ser, em todos os níveis, participa” 

(Allen, Catherine, 2002)

Estabelecido o Ayni entre nós e eles, partimos para desenhar o projeto: coletar e reconhecer as espécies,  montar as exsicatas, colher depoimentos dos anciões e anciãs não apenas da comunidade mas da região, anotar as indicações e modos de uso, partes da planta utilizadas e Organizar essa informações em fichas e livros.


Em 2018, junto com Índio Galo, alquimista e professor de destilação, montamos um projeto de financiamento coletivo com objetivo de levar um destilador e ensinar aos Q'eros como destilar suas plantas e assim não apenas aprenderam um novo ofício como melhoram a renda familiar através da venda dos  óleos essenciais extraídos e toda a comunidade se beneficia pois trabalha junto no plantio e colheita das espécies destiladas. 

Referências: (Allen, Catherine J. 2002[1988]. The hold life has: coca and cultural identity in an Andean community. 2nd Edition. Washington, D.C.: Smithsonian Institution Press.)

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